segunda-feira, 24 de maio de 2010

Flor Amada

Espinhos rutilantes findam nortes
no caule duma Flor
amada e bel.

Fagulhas dela soltam-se confortes
não há mais dor ou cor
nem doce ou fel.

Ó Flor Amada, desejei-me a morte!
Quando à fona de amor
deliu-me o céu.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Saber-me

De não, talvez, saber-me
em qualquer quando
enquanto isto é o resumo
do próprio ser
talvez (e assim presumo)
eu possa ser
exatamente o quando
não saber ser-me...

segunda-feira, 17 de maio de 2010

O Ser Que Um Dia Fui

O ser que um dia eu fui vagava nos ladrilhos
do fracasso, este chão calcado em pensamento.
Ora me questionava: “Que impele tormentos?”
Olvidaria, entanto, em preces de andarilho...

Passando pelo mundo alheio ao sentimento
deixando só o lamento azar o meu desbrilho...
Até que um dia pai, que em outro já foi filho,
fui, na forte impressão dum sublime momento!...

E enfim estar calcando o chão nunca sentido –
A Terra como é – no tempo prometido:
A paz e a aventurança – o Agora, o início e o fim.

Andei de encontro a vida e a acomodei nos braços
chorando, e ao vir o sol eu vi que neste laço
a sombra do que fui não mais viver de mim...