terça-feira, 25 de outubro de 2011

Desta Mudez Infinda

Ser, dos homens, o homem mais sincero
aquele que te amou pelo silêncio.
Palavras esvoaçam, as dispenso,
se, dentro em mim, das mesmas prolifero...

Ter, do silêncio, o verdadeiro e intenso
sentimento do qual nunca pondero:
numa mudez mostrar-te do que quero
noutra mudez mostrar-te ao que pertenço...

E se te não pertenço, eis a verdade:
sei mudo revelar sinceridade
mesmo se este silêncio é criticado!

Mas se te pertenci, por que é que minto,
se tudo do que sei, senti e sinto
foi que te amei demais, mesmo calado?...

Porquê, Amigo

Tenho esta necessidade de inexistir;
de cultuar a pequenez:
ser a sombra da sombra; o osso do osso,
pequeno... ínfimo. Micro!

Ser-me-ia insuficiente
o silêncio de um mudo:
quero a garganta invisível.

Quero a palavra alterada
a separação completa do erre, do esse
para que me evitem tachar de instigante
para que me evitem fonemas
para que me evitem.

Amigo, sou monótono,
por um simples porquê:
se me faço inferior,
é pra lhe vasto fazer
cá dentro em mim...