"Quando nasce o amor, em si,
renasce, pois, nas coisas
e as cores são cirandas..."
Osvaldo Fernandes
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
O Preço da Liberdade
Que desejo impetuoso
degustar o vento,
forte e airoso.
Voar, com força total
antecipar o tempo, correr, acelerar
esfumaçar o caminho; furial!...
Ver o borrão num monumento!...
Convergir todo prado
num uníssono verde-cré;
ouvir o motor gritar ferocidade.
Rasgar arado,
pisar com sede o pé
à passageira liberdade!...
Ah! Como é bom, não ter que frear
e apressado, dirigir
saber que não tem pr’onde fugir;
fugir sem saber onde ficar;
fincar-se infindo na estrada.
E na máxima velocidade
sentir a derrapada,
e toda felicidade
flébil
e saber-se ébrio
e atropelar,
e mutilar!...
sábado, 12 de setembro de 2009
Arrebol

Vinde-me n’alma: É o amor louco, imane,
No crepúsculo do arrebol radioso
Que imprime seu brilhar? Trazei-me ansioso
Lume queimoso em todo meu pelame.
Esvaí-me da treva torpe, infame!
Nívea fagulha. Rubro suntuoso.
Chuviscai no meu torso, pois que o gozo
É o lambiscado vosso, ó Brilho ufane!
Mostrareis vosso imenso e insano amor
Na fomentada e esfaimada alvorada
Que toca a carne e a gusta num fervor?
Vinde a fúria de luz amoriscada!
Vinde-me n’alma todo vosso alvor!
Deitai-me à pele então; fazei morada!...
No crepúsculo do arrebol radioso
Que imprime seu brilhar? Trazei-me ansioso
Lume queimoso em todo meu pelame.
Esvaí-me da treva torpe, infame!
Nívea fagulha. Rubro suntuoso.
Chuviscai no meu torso, pois que o gozo
É o lambiscado vosso, ó Brilho ufane!
Mostrareis vosso imenso e insano amor
Na fomentada e esfaimada alvorada
Que toca a carne e a gusta num fervor?
Vinde a fúria de luz amoriscada!
Vinde-me n’alma todo vosso alvor!
Deitai-me à pele então; fazei morada!...
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
O Meu Encanto
É ela a Flor que tanto me fascina!
A sina dum encanto (em devaneio)
Que eu fosse venturoso num sorteio
Do que ser sorteado a essa menina
Menina tão mulher, tudo que eu quero!
Palpita quando a sinto me ir perto
E faz tremente o passo já incerto
Atenta-me ao pio dos quero-queros...
Que libram caçoando o meu semblante
Pipilam como se me chasqueassem
Achando brega “- Aprume-se, e cace!”
Qual fosse tão simples voar rasante...
Àquela Flor, tomar todo seu pólen
E despalhar por todo o abrigadoiro
Que arquitetei num dos meus sonhos d’oiro
Suplicando o enlace: “- Ah! Por mim, orem!”
Invoco-nos as núpcias deste sonho
E mal me sinto que estou absorto
Acordo entregue à realdade, morto
Envergonhado por ser tão bisonho!
É quando ela me fita, e o mundo explode
Num estrondo, quando me diz “- Bom dia.”
As pernas tomam vida, e fugidias
me morrem num embatucar de bode...
Já morto, o que fazer? Eu não sabia!
E os quero-queros a escanir-me, loucos
Refletia a resposta: “- O moço é mouco!”
Mais alto do que eu a murmuraria:
“- Tu vais ser minha, este é o meu fado!”
Na esperança que não caísse escombros
Caíram, quando ela me deu de ombros
Desentendendo (ou tendo-me um tarado?)
Com rosto cauto – assim eu lhe senti -
Como se palavrão tivesse dito
Talvez não saiba que lhe faço um mito
- “O que você falou que não ouvi?
Eu bleso, perplexo pra articular
Emudeci num torpor indistinto
E a cabeça falando o que não sinto
Mostrara-lhe um desdém num denegar
Ela partiu, amuada, para o alheio
E eu com minha atitude bizantina
Deixei que o meu encanto que era sina
Ser só tina de pranto, um devaneio....
domingo, 6 de setembro de 2009
Passagem Para o Mundo Lírico
Poucas coisas estimulam
a Passagem.
Uma paisagem;
Uma noite, um açoite;
Os ventos que ululam!...
A ventania é onírica.
Inda mais crassa e de pernoite.
Um passo para o mundo lírico.
Remexe os cantos do mundo
que se convergem em toda vizinhança
do pelame.
Os dermátomos se incendem!
Põem-se a retumbar sensações apoteóticas!
A impressão é imane!
E assim, sentem-se, de dentro pra fora
os uivos do lirismo de outrora.
(e não somente sensações).
O vento leva-me à inferência:
somente numa casca de poeta
se podem sensações, repletas
de profunda magnificência.
E magnífico é sentir,
em cada rajada,
[a vera poesia
a pacatez etérea
que precede a saraiva
trazida em ventania...
Lá fora, o Universo
sendo - como um liquidificador -
pelo vento... limpo.
E quem não o sente:
cada esmerado verso
torna-se impo...
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Tirania

Como quem prende e laça a caixa craniana,
Tão presos na corrente, estão meus pensamentos
como um presidiário, detido em julgamento
deixando livre e solto, o ritmo da gana...
Que faz descontrolar de si o discernimento
perdido na loucura, já em mim, circadiana
Focar - na que repete sempre diluviana -
imagem, que me enfinca num luzir constante
Minh’alma se estremece e prende energizante
neste bom sentimento, esta lembrança bel
que me imbuiu a mente, e lhe tornou insana...
Parece estas argolas, me prenderem ante
a um pensamento só. Refletindo meu céu:
é a alma de amor inteiro, que se faz tirana!...
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