"Quando nasce o amor, em si,
renasce, pois, nas coisas
e as cores são cirandas..."
Osvaldo Fernandes
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
Cartão Postal
Era uma vez o homem.
Em sua grandíssima aventura pelo mundo
viu-se espalhado por aí –
em todos os cartões postais
que houvesse dor...
Em sua grandíssima aventura pelo mundo
viu-se espalhado por aí –
em todos os cartões postais
que houvesse dor...
Poeta de Byte
No dia em que acordei com o monitor ligado
e desjejuei de amor platônico
(uma princesa morena e dentuça
do reino das ânsias)
que me recordei:
Entrei em muitas batalhas
– de dificuldade dez –
ao entregar meu coração em papeizinhos.
(– Desista! Papéis são torturados pelas tesouras das bruxas.)
Sabe, nunca faltou tinta!,
e ao menos eu desplatonizava!
Pobre plebeu!
Pelo monitor é mais fácil.
Ela ao vivo é a medusa
Eu ao vivo um penedo,
aliás, monumento,
de um antigo poeta esferográfico.
e desjejuei de amor platônico
(uma princesa morena e dentuça
do reino das ânsias)
que me recordei:
Entrei em muitas batalhas
– de dificuldade dez –
ao entregar meu coração em papeizinhos.
(– Desista! Papéis são torturados pelas tesouras das bruxas.)
Sabe, nunca faltou tinta!,
e ao menos eu desplatonizava!
Pobre plebeu!
Pelo monitor é mais fácil.
Ela ao vivo é a medusa
Eu ao vivo um penedo,
aliás, monumento,
de um antigo poeta esferográfico.
Conversa Franca
Daqui a três mentiras me suicido
vou ter com Deus uma conversa franca!
Falar da manca
capacidade de falar (sem versos)
e perguntar-lhe sobre o Universo,
da realidade
– esta do Eu, ressequido –
e sobre a tal verdade;
e sobre ser,
ou jamais haver sido...
vou ter com Deus uma conversa franca!
Falar da manca
capacidade de falar (sem versos)
e perguntar-lhe sobre o Universo,
da realidade
– esta do Eu, ressequido –
e sobre a tal verdade;
e sobre ser,
ou jamais haver sido...
terça-feira, 9 de agosto de 2011
A Vela
A tudo luz, a tudo, esquenta o que há vizinho
e vai pingando a cera, e vai criando a sombra,
revelando também na velha alma da alfombra
um monte esbranquiçado, em que o calor faz ninho...
Como tinta que pinga e adere ao pergaminho
escreve junto a luz revelações que assombram;
fundindo no tapete histórias quando tomba;
escondendo à fumaça um cego ardor daninho...
O fim é seu destino! E ao chegar tal momento
o fogo inexpressivo, ao sopro de algum vento
revela um sofrimento, e morre, e a vela apaga!
E o que se parecia objeto inanimado
Não era! É como fosse espírito turbado
que fumegando amor se derretia em chaga!
e vai pingando a cera, e vai criando a sombra,
revelando também na velha alma da alfombra
um monte esbranquiçado, em que o calor faz ninho...
Como tinta que pinga e adere ao pergaminho
escreve junto a luz revelações que assombram;
fundindo no tapete histórias quando tomba;
escondendo à fumaça um cego ardor daninho...
O fim é seu destino! E ao chegar tal momento
o fogo inexpressivo, ao sopro de algum vento
revela um sofrimento, e morre, e a vela apaga!
E o que se parecia objeto inanimado
Não era! É como fosse espírito turbado
que fumegando amor se derretia em chaga!
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