"Quando nasce o amor, em si,
renasce, pois, nas coisas
e as cores são cirandas..."
Osvaldo Fernandes
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
O Som Que Tu Não Falas
Que venha a mim o som que tu não falas
como catarse imane, ferozmente...
Que me venhas! E o coração tremente
falar-te-á na boca o que me calas...
Que me venhas, e venhas sem remorso
pulsar-te-me, num candente semblante
bailar-te a alma nos lábios, balbuciantes!
Traze na voz o som do sonho nosso!
Que me venha, per ti, versos jucundos
E se calares como d’outra vez
abrasarás nos pampas de tua tez
o falatório de teu eu profundo...
Que berra imaculado do teu leito
e tu, que o ignoras, se atraiçoas
mas nos suspiros dados, se reboa
o amor por mim, ferino no teu peito!
Canta-me! Quero tanto a melodia
pra despejar a poesia tua
e descrever, na face alva da lua
toda impressão da tua gritaria
no ínfimo dos olhos, a te ouvir!
E ouvindo versarei, iluminado
sentado à lua, qual fosse ao teu lado
vendo-te muda, o Amor me proferir...
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