quarta-feira, 21 de abril de 2010

O Mito

I-
Perguntaste e desejaste, quem sou,
ditado, e nos versos dou-me empenhado:
Um forte! O val da fraqueza do homem
que na mitologia d'arte manda!
Um corpo adiamantado de cesuras
que fulge e que ao mesmo instante penetra
em toda sânie bolhada no Olimpo:
um penedo de carne semideus!

II-
A divindade cárcere do arbítrio!
O rorejante glóbulo vermelho
da ponta das três puas, dos três dentes
pungente e vil do justo Poseidon!

III-
Quem sou? o ar! Já poluído e inerte
que só nos dentes venenosos tem-se
zéfiro! vindo do ofídico escalpo
(este uivo sibilante) da Medusa!
Eu hei de sê-lo, e hei no mito está-lo!
Pois quer onipresente estar meu nume
como estivesse na Grécia antiquada
como, em Gaia, total viração fosse(!),
como inspirando-me pedra virasses!

IV-
Perguntaste quem sou!... Meia blasfêmia!
O que te empedernir, será quem sou!
Pois na mão tenho Zeus, e então te juro
pelo trovão, pelas gris nuvens súcias
e todo o poderio dos Titãs
que serei no teu pedregoso cerne
tão violenta e irascivelmente
uma escritura rubra de mil versos
que por blasfêmia, em sanha, te esculpi!

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