A fabulosa janela
Abre-se em sonhos azuis!
Cada noite houvera luz:
Voar, sonhara Isabella...
Sonhos de brinco e futuro:
Dança, balé, ser artista
Librar nas saladas-mistas
Voar por colos seguros!...
Na fabulosa janela
Uma noite houvera sombra:
Varonil vento na alfombra
Levara ao céu, Isabella
Como a seus sonhos, ao fim:
Asas paternas carmins...
"Quando nasce o amor, em si,
renasce, pois, nas coisas
e as cores são cirandas..."
Osvaldo Fernandes
terça-feira, 29 de junho de 2010
Um Faminto
A Alberto de Oliveira
Na sarjeta migalhas e um faminto
Catando-as como das estrelas, brilhos
Há muito se perdeu, se fez extinto
No vácuo deste céu, como andarilho.
Urra a dantesca fome e esperançoso
como Tântalo, se prefere em morte
enquanto escolhe o sul, vai-se pro norte
a sorte, a essência, o destino animoso.
Rogam suas pernas comiseração
Já não andam. Parado, e em desalinho
na sarjeta esmaiado, eis o glutão...
Cada migalha afasta-o do caminho!
Assim faminto, vive o coração.
Assim meu coração vive magrinho...
Na sarjeta migalhas e um faminto
Catando-as como das estrelas, brilhos
Há muito se perdeu, se fez extinto
No vácuo deste céu, como andarilho.
Urra a dantesca fome e esperançoso
como Tântalo, se prefere em morte
enquanto escolhe o sul, vai-se pro norte
a sorte, a essência, o destino animoso.
Rogam suas pernas comiseração
Já não andam. Parado, e em desalinho
na sarjeta esmaiado, eis o glutão...
Cada migalha afasta-o do caminho!
Assim faminto, vive o coração.
Assim meu coração vive magrinho...
A Morte da Língua
Dos poemas, fugiram suas funções
E nada lhes restou, nem pleonasmo!
Duma abundância de aliterações
Os versos caminharam pro marasmo...
Fugiram, dos poemas, intenções!
Afugentadas de um acre sarcasmo!
Assassinaram versos – corações
Roubando da leitura o entusiasmo!
Não há mais poesia! Há nada, há luto
nem pra contar história o anacoluto
sobreviveu pra dar fluidez sintática.
Chorando do epitáfio do lirismo
leu-se, em gotas de orvalho, um eufemismo:
"Aqui descansa a língua da gramática."
E nada lhes restou, nem pleonasmo!
Duma abundância de aliterações
Os versos caminharam pro marasmo...
Fugiram, dos poemas, intenções!
Afugentadas de um acre sarcasmo!
Assassinaram versos – corações
Roubando da leitura o entusiasmo!
Não há mais poesia! Há nada, há luto
nem pra contar história o anacoluto
sobreviveu pra dar fluidez sintática.
Chorando do epitáfio do lirismo
leu-se, em gotas de orvalho, um eufemismo:
"Aqui descansa a língua da gramática."
terça-feira, 22 de junho de 2010
Que Então Possa Dizer
Talvez, quando eu morrer, tão condizente
este poema, quando lerdes, seja
com tudo que um poeta se deseja:
trazer de volta à vida a sua mente...
Que ainda morto, e falto, e ineloquente
inda possa dizer do que pragueja;
inda possa viver, pois, sem peleja
com que se achou viver quando presente...
Então me vou! Morrer! Ficar ausente
porque se a vida é mesmo este presente
que dizem “Deus nos deu”, já não apraz...
E deixo que conteis quando me for:
se ausente sempre estive para o amor
morto ou vivo estivesse, tanto faz!...
este poema, quando lerdes, seja
com tudo que um poeta se deseja:
trazer de volta à vida a sua mente...
Que ainda morto, e falto, e ineloquente
inda possa dizer do que pragueja;
inda possa viver, pois, sem peleja
com que se achou viver quando presente...
Então me vou! Morrer! Ficar ausente
porque se a vida é mesmo este presente
que dizem “Deus nos deu”, já não apraz...
E deixo que conteis quando me for:
se ausente sempre estive para o amor
morto ou vivo estivesse, tanto faz!...
sábado, 19 de junho de 2010
Tragam a Poesia de Volta
Eu rogo:
Tragam a Poesia de volta!
Recolham todas as minhas partes!
Tragam-se as Artes!
Peguem minhas pernas no Maracanã.
Onde as gramíneas as vivificaram
com saudades de Poesia.
Peguem meu Coração
que pulsa quente
na massa fria e polar.
Não deixem a Poesia morrer!
Não deixem o amor bafuntar!
Tragam também
meus punhos:
lá nos planaltos da tez;
lá onde nasceu o carinho;
lá, além de qualquer ninho;
tragam os que tocam,
os que criam,
os que falam!...
Peguem os punhos
que jamais socaram a Poesia.
Tragam a Poesia de volta!
Recolham as artes!
Façam vivas as minhas partes!
Tragam meus olhos
que planam por entre os vãos;
que míopes, ainda são sãos;
que mortos, ainda verão!...
Tragam meus ouvidos
e façam-se ouvirem os feridos;
amigos, verdade, saudade;
façam-se ouvirem com vontade
os sons jamais percebidos.
Tragam a Poesia de volta!
Tragam-me a vida de volta!
Tragam a Poesia de volta!
Recolham todas as minhas partes!
Tragam-se as Artes!
Peguem minhas pernas no Maracanã.
Onde as gramíneas as vivificaram
com saudades de Poesia.
Peguem meu Coração
que pulsa quente
na massa fria e polar.
Não deixem a Poesia morrer!
Não deixem o amor bafuntar!
Tragam também
meus punhos:
lá nos planaltos da tez;
lá onde nasceu o carinho;
lá, além de qualquer ninho;
tragam os que tocam,
os que criam,
os que falam!...
Peguem os punhos
que jamais socaram a Poesia.
Tragam a Poesia de volta!
Recolham as artes!
Façam vivas as minhas partes!
Tragam meus olhos
que planam por entre os vãos;
que míopes, ainda são sãos;
que mortos, ainda verão!...
Tragam meus ouvidos
e façam-se ouvirem os feridos;
amigos, verdade, saudade;
façam-se ouvirem com vontade
os sons jamais percebidos.
Tragam a Poesia de volta!
Tragam-me a vida de volta!
Sonífero
O sono visita.
Apaga-me a luz.
No meio do escuro,
estrela cadente
Transpassa, corisca,
e canta; e seduz.
Num risco me vou!
De encontro com nada,
quer vou cavalgada,
quer vôo, revoada
eu vou! E eu vou!
Vou ter com a estrela!
Cadente por tê-la
eu vou! E eu vou!
No meio do cinza,
Eis álgicas cruzes:
- Nós somos os sonhos
daquele são sono
que tu mesmo induzes!
No meio do claro:
- Eu vou, eu tô indo;
eu vou, sou o sono
sou seu grande sonho
viajando em luzes
tal como um menino!...
Apaga-me a luz.
No meio do escuro,
estrela cadente
Transpassa, corisca,
e canta; e seduz.
Num risco me vou!
De encontro com nada,
quer vou cavalgada,
quer vôo, revoada
eu vou! E eu vou!
Vou ter com a estrela!
Cadente por tê-la
eu vou! E eu vou!
No meio do cinza,
Eis álgicas cruzes:
- Nós somos os sonhos
daquele são sono
que tu mesmo induzes!
No meio do claro:
- Eu vou, eu tô indo;
eu vou, sou o sono
sou seu grande sonho
viajando em luzes
tal como um menino!...
quarta-feira, 16 de junho de 2010
Mar de Lágrima
Areias afundam
um espírito moribundo:
eu, enferrujado
e vagamundo.
Em cada passo, uma força imane.
O sal sobrepuja;
a brisa oxida.
Defronte, o mar.
E do meu olhar, mesmo poeirento,
despenha-se a lágrima
mais salobra que já tive.
um espírito moribundo:
eu, enferrujado
e vagamundo.
Em cada passo, uma força imane.
O sal sobrepuja;
a brisa oxida.
Defronte, o mar.
E do meu olhar, mesmo poeirento,
despenha-se a lágrima
mais salobra que já tive.
Assinar:
Postagens (Atom)