segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Platonismo


É que te quero assim, desbloqueada
ilesa deste cárcere do achismo;
ciente da existência do heroísmo,
dos príncipes, finais felizes, fadas!

Te quero em voz, em riso, e mais: no cheiro!..
chorando ou rindo, triste ou jubilante!
E tanto faz se for num platonismo!
E tanto fez se foi por um instante!

(Pois, de tudo real que é prazenteiro,
só pode ter-se a preço de alma amante.
É que do que é fantástico ao talante
jamais se pode obter pelo dinheiro...)

Dizem do amor platônico inverdades,
chamam dos que assim amam de covardes,
e mal se sabem mortos para o amor!

Por isso, faz-te assim, desbloqueada,
e deixa que te admire no silêncio!
Vem! Dá-me o riso excelso... (se presente)
e à mesma intensidade, dá-me o tenso
e angustiante temor (se, então... ausente!...)

Eu não vou te contar tudo que sinto!
(e se contasse saberei que minto:
pois nada é tão real como cá dentro!)

Talvez, um dia, contarei ao vento
(naqueles dias em que carne é forte).
Talvez em dia algum. Talvez na morte.
Ou, quem sabe, não hei de contar nada!

É que, se descobrires que és amada,
meu coração, que sempre fora intenso,
enquanto te encontravas bloqueada,
pretender-te-ia mais que imaginada
desejar-te-ia mais do que magia
(e, quem diria! Angustiado e hipertenso
por ouvir tua resposta, morreria!!!)


2 comentários:

  1. Ft, é sempre uma maravilha viajar nos seus versos. Você tem muita sensibilidade e une isso à técnica com sabedoria.
    PArabéns!

    Destaco:
    Eu não vou te contar tudo que sinto!
    (e se contasse saberei que minto:
    pois nada é tão real como cá dentro!)

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  2. Amo este e lembro quando nasceu poeta passarinho...beijos Effe...

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