terça-feira, 19 de maio de 2009

Nunca mais

 
Não! Nunca mais
não quero ofegar com o ar
nem afogar com o mar;
não quero andanças
sequer lembranças;
não quero, à espreita, paz;
nem ânsia, nem 'ais'.

Não quero bolinar o esqueleto
a ponto de animar
o já inanimado
esquema eleito;
não quero feito,
desfeito ou defeito

Não quero mente;
verdades, mentiras,
dor de dente,
amor de crente,
solidão, saudade

Não quero tudo
e nem nada;
não quero sorrir
nem palhaçada,
circo, Shakespeare, sarcasmo;
não quero o vil do senil marasmo

Não quero inteligentes
nem dementes
sequer o saber!
Não quero nada seu
nem tu, eles, nós;
nem mesmo eu

Não quero estar incompleto
não quero teto
não quero neto
sequer afeto

Não quero morrer
e também
não quero viver
com ou sem
aquém ou além

Não quero ser
nem estar, ser
poeta, pateta
amar

Não quero matemática
química, nem fazer história
muito menos, nela, glória;
não quero geografia
nem ciência
não quero consciência
nem pensar;
descansar

Só quero apenas
reticências...
na paz
de nunca mais.

Um comentário:

Por favor, viaje comigo.