segunda-feira, 10 de agosto de 2009

A Cimitarra



Suplicando ser investida:
avançar, pura e cortante
e talhar, insanamente
a linha berrante
duma carne incandescente,
de, metal, desprotegida;

Ceifar-lhe em densos sulcos
e se lhe haver embebida
do sepulcro;
Regozijar o exangue ardente...
e espraiar das vísceras pampas,
o sangue, per se tanto encovar...

E na cor que se renovar;
brilhar a champa,
em carmins raios de sol!
Farfalhar, tornando escol
quem em anos tantos, lhe empunha
e com esmero lhe acabrunha...

Duelar com a fronte,
doutra luzida em guarda-mão;
ser brilhosa, soltar-se em clarão
quando aos trapes e fagulhas!
Despontada ao horizonte,
refletir-se no pombo, que fita e arrulha
um purpúreo pranto de revolta;

Se embotar, posta de volta
relembrar, já embainhada
que investida puramente,
perfurando, faiscando n’outra espada;
viu-se em carne desalmada,
viu-se brilho de rubim!...
encovilando e, foscamente,
maculando seu talim!...

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