sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A Voz dos Calados

Quando o mundo retroceder de vez,
os mais fracos que estão,
os errantes, os sujos, reféns de monturo,
de vozes franzinas,
que ecoam no escuro,
voltarão à vida!
Trarão nos silêncios
a nova mensagem,
do amor e da paz, esquecida!

E a foice da morte, ainda a garimpo,
ainda atuante,
sibilará
nos becos, seus segredos;
plantará nos pseudolimpos,
a ferida, o medo,
a sânie constante...

Até quando o primeiro sol azul
se aquecer no horizonte!


E assim, os covardes ver-se-ão valentes
terão vozes, sem línguas nem dentes,
e sem pernas, pro coração andarão;
ribombarão
de seus pulsos plantados de tempo,
velhas canções, novíssimos ventos!
Ventos que lhes ressurjam, no entanto,
novos pulsos, batimentos!...
e em tempo, mil purezas adamitas!

E nova tarde, cairá,
em fervorosos ventos tantos
que de canções, palpitam...


E tudo será novo
bem trabalhado, nos ouvidos,
os destroços secarão – tudo esquecido!,
e a árvore nascerá pura de males!
Seus frutos, por todos comidos,
frescos e cheios de sementes de razões,
apagarão os gemidos
dos sobreviventes caules!
Cantarão em uníssono, portanto,
as emoções,
os frutos novos,
os novos povos,
e nos faremos voz!...

...que aqui, então e ainda morta e mansa
sob à escuridão da noite aflita,
perene e atroz, à folha se lança,
cantando pra esta Terra parasita...

2 comentários:

  1. Vim pegar uma carona nas tuas asas poeta...saudades...

    maravilhosamente brilhante como sempre...

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  2. "É preciso estar preparado para se queimar em sua própria chama. Como tornar-se outro sem antes virar cinzas?", já dizia o filósofo...
    Talvez precisemos tranformar nós mesmos em inzas, renovar-nos para renovar o mundo...

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