segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Último Caminho

Assim quero meu último caminho:
(a última mulher que amei na Terra)
em rotas de saudades que se encerram
nos seios que se gozam dum aninho...

Andar de encontro ao Ouro, de ano a ano;
lutar as mil batalhas da canela!
Uma hora descansar nos braços dela;
outrora governá-la soberano...

Galgar, enfim, dos níveis, o mais fausto
desta ampla e extensa escadaria da alma:
subir cada centímetro com calma
e a cada metro agradecer-se exausto!

Atravessar os charcos da discórdia!
E se entalado à areia movediça
da sanha, do egoísmo, da preguiça
ser salvo pelos ramos da concórdia!

Seguir nas chuvas, sombras, sob os sóis!
Seco ou molhado, sujo ou limpo, avante!
Saber que o amor existe a cada instante
que houver crescido adiante girassóis!

E o que me importa o que há de vir depois?
Se nunca nada pode viver fora
do momento presente, o tal do Agora,
senão o sonho de seguir a dois

na estrada virtuosa do carinho?
— que certamente estou! Pois de antemão,
já soube onde calcar meu coração
fazendo de quem amo o meu caminho...

(E assim serenamente é que me vou:
de pés no chão, andar como quem sabe
que o caminho do júbilo só cabe
a quem traz junto ao passo algum amor...)

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