sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Castiçais (Ao Meu Velório)

Do mais cálido ser, queimei de frio
como queimou minh'alma em toda lida
por todas estações, até o estio,
não triunfou d'invernos em minha vida...

Um vento frio é nada mais que vento
que o mais cálido ser soprou pra mim
para que então gelificado e enfim,
não fosse eu, pelo menos, num momento.

O talante inexiste neste corpo
como inexiste e é tão peremptório
o motivo no qual, ao meu velório,
lembrar-me-ão tão vivo (entanto morto)...

Confesso: tão mais vivos que inorgânicos
a animação, o desejo, e as vontades
inexistiram em mim, se babilônico,
e existiram sim! Se só em saudades...

Não sei por quê! Defesa, sim, talvez!
De não alquimiar dentro da pele
o que de amor produz só cardiocele,
o que achamos sentir com lucidez(!):

Os fogos corpulentos do desejo
só há nestas pessoas indefesas(!...),
pois quando enxergam fogaréus, eu vejo
apenas castiçais por sobre a mesa...

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