quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Cirurgia

Deitado nesta cama de doentes
um medo me resvala impetuoso.
Quisera eu ser de um mundo mais ditoso,
Pacífico, impoluto e quiescente!

Agora, em meio a tanto entorpecente,
profiro um credo, um rogo desejoso
de quando, como agora, desgostoso
sombrio eu era, ainda adolescente:

"– Venha buscar-me, ó Morte! Venha logo!"
Um choramingo eu ouço quando a rogo
deitado no meu leito, exausto e laxo.

Empunha um bisturi, começa o corte:
numa explosão de brilhos sinto a morte,
como gota escorrendo foice abaixo...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Por favor, viaje comigo.